terça-feira, 14 de dezembro de 2021

ARTIGO CIENTÍFICO: TECNOLOGIAS DIGITAIS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

 

RESUMO

 

A Educação tem a função de educar de forma integral o ser humano. No entanto, a metodologia tradicionalista que ainda vigora nas escolas públicas e desatualizada não cativa mais nossos alunos que se encontram voltados às infinidades de multimídias e sistemas digitais. Os meios de comunicação, a medicina, o transporte, a zona rural e tantos outros ambientes se atualizaram, mas a educação continua com a mesma forma de ensinar. A EAD com suas inúmeras tecnologias avançadas e interativas é um exemplo para a atualização das formas de ensinar na educação.  Através da navegabilidade, da interatividade, da inovação, da conectividade e dos múltiplos estímulos abre caminhos para a escola convencional se atualizar e a se modernizar.

 

Palavras - Chave: inovação, interatividade e modernização.

 

 

1     INTRODUÇÃO

 

Vivemos em uma sociedade de digitalização. Nossos alunos sabem navegar, pesquisar, criar, interagir, socializar e desenvolver diversas atividades tecnológicas fora da escola, em família, nos grupos de amigos, em clubes e diversos ambientes. No entanto, muitas instituições de ensino não se adequaram a essa realidade.

As escolas permanecem, em pleno século XXI, no tradicionalismo e no mono diálogo onde apenas o professor fala e os alunos ouvem. O formato da sala, a metodologia aplicada, os materiais utilizados, o giz, o quadro negro e tantos outros conceitos não foram atualizados de acordo com a realidade em que vivemos.

A forma de ensinar não cativa mais os alunos. Os estudantes não se sentem motivados e entusiasmados para aprender. A maneira como as escolas transmitem os conhecimentos precisa ser renovado e atualizado.

Diante dessa urgência em atualização e motivação, a Educação a Distância oferece uma nova forma de ensinar.  Através da navegabilidade, da interatividade, da inovação, da conectividade, dos múltiplos estímulos, fácil atualização nos materiais didáticos e beleza nas apresentações do aprendizado, a EAD abre caminhos para a escola convencional.  Com suas salas enriquecedoras, ampliada e expandida as aulas se tornam dinâmicas, interativas e o aprendizado torna-se de qualidade, pois todos participam e interagem na educação.

 

2- DESENVOLVIMENTO

 

2.1 Históricos da EAD

 

A EaD, em sua forma empírica, é conhecida desde o século XIX. Entretanto, somente nas últimas décadas passou a fazer parte das atenções pedagógicas. Ela surgiu da necessidade do preparo profissional e cultural de milhões de pessoas que, por vários motivos, não podiam frequentar um estabelecimento de ensino presencial, e evoluiu com as tecnologias disponíveis em cada momento histórico, as quais influenciam o ambiente educativo e a sociedade.

Inicialmente na Grécia antiga e depois em Roma havia redes de comunicação que permitiam o desenvolvimento significativo da correspondência e, por consequência, a troca de informações.

Com a Revolução Científica iniciada no século XVII, as cartas comunicando informações científicas inauguraram uma nova era na arte de ensinar. Segundo Lobo Neto (1995), um primeiro marco da educação a distância foi o anúncio publicado na Gazeta de Boston, no dia 20 de março de 1728, pelo professor de taquigrafia Cauleb Phillips: "Toda pessoa da região, desejosa de aprender esta arte, pode receber em sua casa várias lições semanalmente e ser perfeitamente instruída, como as pessoas que vivem em Boston".

Em 1833, um anúncio publicado na Suécia já se referia ao ensino por correspondência, e na Inglaterra, em 1840, Isaac Pitman sintetizou os princípios da taquigrafia em cartões postais que trocava com seus alunos. No entanto, o desenvolvimento de uma ação institucionalizada de educação a distância teve início a partir da metade do século XIX.

Em 1891, a administração da Universidade de Wisconsin aceitou a proposta de seus professores para organizar cursos por correspondência nos serviços de extensão universitária. Um ano depois, o reitor da Universidade de Chicago, William  Harper, que já havia experimentado a utilização da correspondência na formação de docentes para as escolas dominicais, criou uma Divisão de Ensino por Correspondência no Departamento de Extensão daquela Universidade.

No final da Primeira Guerra Mundial, surgiram novas iniciativas de ensino a distância em virtude de um considerável aumento da demanda social por educação, confirmando, de certo modo, as palavras de William Harper, escritas em 1886 "Chegará o dia em que o volume da instrução recebida por correspondência será maior do que o transmitido nas aulas de nossas academias e escolas; em que o número dos estudantes por correspondência ultrapassará o dos presenciais."

O aperfeiçoamento dos serviços de correio, a agilização dos meios de transporte e, sobretudo, o desenvolvimento tecnológico aplicado ao campo da comunicação e da informação influíram decisivamente nos destinos da educação a distância. Em 1922, a antiga União Soviética organizou um sistema de ensino por correspondência que em dois anos passou a atender 350 mil usuários. A França criou em 1939 um serviço de ensino por via postal para a clientela de estudantes deslocados pelo êxodo.

A partir daí, começou a utilização de um novo meio de comunicação, o rádio, que penetrou também no ensino formal. O rádio alcançou muito sucesso em experiências nacionais e internacionais, tendo sido bastante explorado na América Latina nos programas de educação a distância do Brasil, Colômbia, México, Venezuela, entre outros.

Após as décadas de 1960 e 1970, a educação à distância, embora mantendo os materiais escritos como base, passou a incorporar articulada e integradamente o áudio e o videocassete, as transmissões de rádio e televisão, o videotexto, o computador e, mais recentemente, a tecnologia de multimeios, que combina textos, sons, imagens, assim como mecanismos de geração de caminhos alternativos de aprendizagem (hipertextos, diferentes linguagens) e instrumentos para fixação de aprendizagem com feedback imediato (programas tutoriais informatizados) etc..

Atualmente, o ensino não presencial mobiliza os meios pedagógicos de quase todo o mundo, tanto em nações industrializadas quanto em países em desenvolvimento. Novos e mais complexos cursos são desenvolvidos, tanto no âmbito dos sistemas de ensino formal quanto nas áreas de treinamento profissional.

A educação a distância foi utilizada inicialmente como recurso para superação de deficiências educacionais, para a qualificação profissional e aperfeiçoamento ou atualização de conhecimentos. Hoje, cada vez mais foi também usada em programas que complementam outras formas tradicionais, face a face, de interação, e é vista por muitos como uma modalidade de ensino alternativo que pode complementar parte do sistema regular de ensino presencial.

 

2.2 Ferramentas de aprendizagem colaborativas: blog, chat, fórum e wiki.

2.2.1 Blog

 

Um blog é um site cuja estrutura permite a atualização rápida a partir de acréscimos dos artigos. Estes são, em geral, organizados de forma cronológica inversa, tendo como foco a temática proposta do blog, podendo ser escritos por um número variável de pessoas, de acordo com a política do blog.

Muitos blogs fornecem comentários ou notícias sobre um assunto em particular; outros funcionam mais como diários online. Um blog típico combina texto, imagens e links para outros blogs, páginas da Web e mídias relacionadas a seu tema. A capacidade de leitores deixarem comentários de forma a interagir com o autor e outros leitores é uma parte importante de muitos blogs.

Alguns sistemas de criação e edição de blogs são muito atrativos pelas facilidades que oferecem, disponibilizando ferramentas próprias que dispensam o conhecimento de HTML. A maioria dos blogs são primariamente textuais, embora uma parte seja focada em temas exclusivos como arte, fotografia, vídeos, música ou áudio, formando uma ampla rede de mídias sociais. Outro formato é o microblogging, que consiste em blogs com textos curtos.

Em dezembro de 2007, o motor de busca de blogs Technorati rastreou a existência de mais de 112 milhões de blogs. Com o advento do videoblog, a palavra blog assumiu um significado ainda mais amplo, implicando qualquer tipo de mídia onde um indivíduo expresse sua opinião ou simplesmente discorra sobre um assunto qualquer.

 

2.2.2 Chat

O termo "chat" significa a possibilidade de  "bater papo"com outros usuários da Internet. Normalmente, isto é usado como forma de passatempo. Existem duas opções para bater papo. Uma é a Webchat, onde temos uma página web, que permite a você bater papo com outros usuários que estiverem na mesma página naquele momento. A outra opção requer um programa especial  instalado no seu computador e no computador dos usuários com quem você irá bater papo.

 

2.2.3 Fórum

 

Fórum de discussão é uma ferramenta para páginas de Internet destinada a promover debates através de mensagens publicadas abordando uma mesma questão. Também é chamado de "comunidade" ou "board".

Os fóruns de discussão basicamente possuem duas divisões organizacionais, a primeira faz a divisão por assunto e a segunda uma divisão desse em tópicos. As mensagens ficam ordenadas decrescentemente por data, da mesma forma que os tópicos ficam ordenados pela data da última postagem.

 

2.2.4 Wiki

Os termos wiki (pronunciado /uíqui/ ou /víqui/) e WikiWiki são utilizados para identificar um tipo específico de coleção de documentos em hipertexto ou o software colaborativo usado para criá-lo.

O termo "Wiki wiki" significa "extremamente rápido" no idioma havaiano.Este   colaborativo permite a edição coletiva dos documentos usando um sistema que não necessita que o conteúdo tenha que ser revisto antes da sua publicação.

Uma Web Wiki permite que os documentos sejam editados coletivamente com uma linguagem de marcação muito simples e eficaz, através da utilização de um navegador web. Dado que a grande maioria dos Wikis é baseada na web, o termo wiki é normalmente suficiente. Uma única página num wiki é referida como uma "única página", enquanto o conjunto total de páginas, que estão normalmente altamente interligadas, chama-se 'o wiki'.

Uma das características definitivas da tecnologia wiki é a facilidade com que as páginas são criadas e alteradas - geralmente não existe qualquer revisão antes de as modificações serem aceitas, e a maioria dos wikis são abertos a todo o público ou pelo menos a todas as pessoas que têm acesso ao servidor wiki. Nem o registro de usuários é obrigatório em todos os wikis.

           

2.3 Ensino e aprendizagem com qualidade na Educação

            A educadora Neide Cruz comenta: “Um dos problemas é que a escola ainda é pensada como no século passado. Não houve mudanças significativas – nem de currículo, nem de conduta dos professores e dos dirigentes”. (Revista Agitação, 2011) A sociedade em que vivemos anda em constantes mudanças e transformações, no entanto, a escola continua estável.

A Educação a Distância através da navegabilidade, da interatividade, da inovação, da conectividade, dos múltiplos estímulos, fácil atualização nos materiais didáticos e beleza nas apresentações do aprendizado, a EAD abre caminhos para a escola convencional e oferece um modelo para um ensino de qualidade com modernização.  Com suas salas enriquecedoras, ampliada e expandida as aulas se tornam dinâmicas, interativas e o aprendizado torna-se de qualidade, pois todos participam e interagem na educação.

Ao contrário do que se pensa a EAD não cria separação entre aluno e professor.  Na busca de reduzir as distâncias geográficas foram criadas metodologias capazes de haver interação e participação independente do tempo, espaço e distâncias geográficas.

Os níveis de interação através do uso da internet e suas ferramentas tornaram-se elementos para a fixação do conhecimento e relacionamento entre professor e aluno e o mundo. Dessa forma o ensino a distância torna-se modelo de educação de qualidade.

 

 

3 CONCLUSÃO

 

            A educação à distância e a tecnologia na educação tem sido uns dos temas mais discutidos na atualidade por muitos estudiosos considerarem que o avanço tecnológico pode muito contribuir na educação de nossas crianças e jovens.

            A educação a distância aparece como um meio atualizado de ensinar e educar. Os ambientes online exploram diversas ferramentas, com vários recursos, linhas de transmissões rápidas e qualidade de som e imagem.

            A metodologia da EAD volta-se totalmente ao aluno e suas necessidades desde o tempo de execução de cada aula, as horas necessárias para o aprendizado, a apresentação do material audiovisual, a avaliação por meio de teste de fixação, o suporte dado pelos monitores e professores do curso até a facilidade de navegação dentro da página do curso.

            As práticas pedagógicas da educação brasileira, a exemplo da EAD, devem criar condições para o desenvolvimento de competências relativas ao: relacionamento, liderança, valorização da busca permanente de conhecimento, iniciativa, flexibilidade, criatividade, persistência, conduta ética e responsabilidade social, bem como a capacidade de empreender, entre outras competências.

            Dessa forma, as tecnologias digitais e a educação a distância é um exemplo para alcançarmos um ensino de qualidade e que forme cidadãos conscientes de seu papel transformador dentro da sociedade que vivemos.

           

REFERÊNCIAS

 

 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA. Educação a Distância Cresce 571% entre Cursos superiores. 2007. Disponível em: <HTTP://www2.abed.org.br/noticia.asp?Noticia_ID=345>.Acesso em: 10 jan.2008.

 BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9394, de 20 de dezembro de 1996.

 Importância da Educação a Distância. Disponível em: pt.wikipedia.org/wiki/Educação_a_distância.

 MORAN, J. M. A TV Digital e a Integração das Tecnologias na Educação. 2007. Disponível em: HTTP://www.eca.usp.br/prof/moran/digital.htm. Acesso em: 10 mar.2008.

 O que é Blog. Disponível em: pt.wikipedia.org/wiki/Blog

 O que é Chat. Disponível em: http://www.oocities.org/infoallbrasil/Chat.htm

 O que é Wiki. Disponível em: pt.wikipedia.org/wiki/Fórum_de_discussão

quarta-feira, 26 de junho de 2019

A aprendizagem e suas dificuldades escolares




A APRENDIZAGEM E SUAS DIFICULDADES ESCOLARES





A aprendizagem é um dos fatores que torna possível o desenvolvimento do ser humano, como processo ou conjunto de processos fundamentais que depende, em parte, da ação biológica que determina a maturidade e da ação do ambiente que origina a aprendizagem. As dificuldades de aprendizagem, compreendidas como sendo alterações neurológicas ou do sistema nervoso, se encontram compreendidas em um termo geral, que se refere a um grupo heterogêneo de transtornos que se manifestam por dificuldades significativas na aquisição e no uso da escuta, da fala, da leitura, da escrita, do raciocínio ou outras habilidades, sobre o qual não se pode afirmar que existam definições claras, devido principalmente ao fato de que se relacionam a grupos também heterogêneos de indivíduos. O presente estudo objetiva revisar alguns aspectos acerca da aprendizagem e suas dificuldades, como processo que tanto torna possível o desenvolvimento do sistema nervoso como também evoca a função do ambiente e as relações entre a aprendizagem e maturação, definindo essas dificuldades e estabelecendo uma classificação para as mesmas. Do mesmo modo, conclui que as consequências das dificuldades de aprendizagem escolar, quando não enfrentadas de forma adequada, revertem em rendimento abaixo da capacidade do aluno e do próprio sistema educativo, com graves consequências para a vida social.
Quando surgem problemas escolares que dificultam a aprendizagem, poucas vezes é possível determinar uma causa concreta, tornando-se inespecífica boa parte dessas dificuldades, já que podem ser resultado de diversos fatores, todos de importância relativa, que ocorrem conjuntamente e se alimentam reciprocamente.
Contudo, como tais dificuldades se caracterizam por aspectos variados, como desordens nos processos cognitivos de atenção, percepção e memória, impedimentos neurológicos, como disfunções cerebrais, déficit de atenção e hiperatividade ou inteligência limitada, essa abordagem requer um aprofundamento, para que as intervenções possam ser eficientes, evitando que as dificuldades se convertam em quadros mais graves e com consequências de maior importância.
O presente estudo, com tal direcionamento, objetiva revisar alguns aspectos acerca da aprendizagem e suas dificuldades, como processo que tanto torna possível o desenvolvimento do sistema nervoso como também evoca a função do ambiente e as relações entre a aprendizagem e maturação, definindo essas dificuldades e estabelecendo uma classificação para as mesmas.
Do mesmo modo, busca contribuir para uma abordagem mais eficiente de tais questões, para que suas consequências não se estendam para a vida social do aluno, para a ineficiência do próprio sistema educativo, com graves consequências para a vida social.
Nas situações de aprendizagem intervém um grande número de fatores, cuja confluência específica determina o rendimento do aluno: as atividades de aprendizagem, as características individuais, a natureza dos materiais, as tarefas propostas e os critérios do docente.
Considerando-se a inteligência como capacidade de autorregular a própria aprendizagem, planejando estratégias adequadas a cada situação de aprendizagem e aplicá-las, as dificuldades de aprendizagem são vistas, comumente, como falta de capacidade para aprender por si próprio a informação dada, ou seja, para planificar e regular os processos de conhecimento.
De acordo com Fonseca:

No caso de crianças com dificuldades de aprendizagem, parece que seus problemas de atenção e de memória se devem a uma falta de tomada de consciência das demandas da tarefa, de quais são as estratégias que devem colocar em prática para resolvê-las, e não tanto a um problema de ausência de estratégias concretas. Estas crianças podem ter adquirido estratégias mnemônicas como repetir ou organizar o material, mas é no uso destas estratégias onde fracassam. O mesmo ocorre nos casos de problemas de atenção.
Alunos com dificuldades de aprendizagem, de um modo geral, não compreendem a relação entre atender e solucionar a tarefa e demonstram uma execução normal em situações onde o problema específico não seja tão importante – possuem deficiências específicas, mas habilidades mais gerais -, ou seja, o que caracteriza a inteligência permanece inalterado. (FONSECA, Vítor da. Dificuldades de Aprendizagem: abordagem neuropsicológica e psicopedagógica do insucesso escolar. Lisboa: Âncora Editora, 2004, p. 145.)

Fazem parte das dificuldades de aprendizagem vários problemas relativos ao ato de aprender de forma eficiente, no tempo estabelecido e sem o concurso de esforços humanos e materiais extraordinários.
Para Fonseca (2004), embora essas dificuldades apresentem diferenças substanciais quanto às suas causas, nos processos e variáveis psicológicas afetadas, bem como em suas consequências, de um modo geral, integram cinco grupos diferenciados:
a) problemas escolares;
b) baixo rendimento escolar;
c) dificuldades específicas de aprendizagem;
d) transtorno por déficit de atenção com hiperatividade;
e) discapacidade intelectual limite.
Disso se pode depreender que a definição das dificuldades de aprendizagem deve partir da formulação de princípios básicos, que acolham aspectos sobre os quais existe uma concordância, podendo ser enumerados conforme propõe Cruz (2005):
a) as dificuldades de aprendizagem fazem parte da Psicologia da Educação e constituem uma parte da formação profissional que envolve a Psicologia Escolar e a Psicopedagogia;
b) as dificuldades de aprendizagem são um fenômeno verdadeiro e não uma invenção ou construção social. Apesar dos condicionantes psicológicos, educativos, políticos, ideológicos e filosóficos implicados em seu surgimento e, sobretudo, em seu desenvolvimento e das dificuldades em defini-las adequadamente, existe grande número de alunos com problemas para apreender conteúdos escolares sem que isso se deva a causas sensoriais, a privações crônicas ou a graves discapacidades intelectuais;
c) indivíduos com dificuldades de aprendizagem costumam obter, em testes de Q. I., pontuações médias, realizando melhor os testes de execução não verbal;
d) indivíduos com dificuldades de aprendizagem rendem abaixo de sua capacidade, sendo esta uma das dimensões que definem tais dificuldades, embora no caso de discapacidade intelectual limite e de transtorno por déficit de atenção com hiperatividade se transcende a ideia de rendimento abaixo da capacidade, já que o déficit nos processos e procedimentos psicológicos implicados é severo;
e) dois elementos: “rendimento esperado” e “rendimento atual” delimitam o que se entende por rendimento inferior à capacidade e, em contraste, dão sentido ao chamado “critério de discrepância”, mediante o qual se segue o diagnóstico dos indivíduos com tais dificuldades. Se apenas se atende a um dos elementos, o que se estaria definindo seria unicamente o baixo rendimento;
f) dificuldades de aprendizagem e baixo rendimento não são, portanto, expressões equivalentes. O baixo rendimento pode ser ocasionado por vários motivos.
 Ainda que o estudo científico das dificuldades de aprendizagem seja relativamente recente, é um dos campos do conhecimento científico que mais cresceu na atualidade, apesar das posições divergentes em sua conceituação, no diagnóstico e nas formas interventivas.
Diversas são as definições que se atribuí a estas dificuldades, que podem ser agrupadas em algumas concepções e modelos que as explicam, de acordo com o que ensinam Smith et al:
a) Enfoque cognitivo: diante da lacuna dos métodos tradicionais que buscaram explicar o que ocorre na mente dos alunos, sobretudo nas dificuldades de aprendizagem, surgiu o enfoque cognitivo, a partir do qual se busca responder ao processo de aprendizagem identificando, descrevendo e fundamentando os diversos processos e habilidades que ocorrem na transmissão e na captação de conteúdos.
Para explicar as dificuldades de aprendizagem, o enfoque cognitivo se orienta para o modelo de processamento da informação que se encontra também bastante identificado com o modelo neuropsicológico. Desta forma, assume que os processos essenciais de aprendizagem são os processos de aquisição, organização, interpretação e compreensão dos conteúdos ou conhecimentos e que é o próprio aluno que dá sentido a esta informação, construindo significados segundo seus conhecimentos prévios, experiências, disposição, etc.
Em relação aos alunos com dificuldades de aprendizagem, este enfoque assume duas posturas: os déficits dos alunos com dificuldades de aprendizagem são inatos e afetam, sobretudo, a memória, não podendo ser sanados ou modificados; os processos cognitivos dos indivíduos e seus possíveis déficits são considerados como modificáveis mediante treinamentos específicos.
b) Enfoque neuropsicológico: a Neuropsicologia, como disciplina científica, encarrega-se de estudar as relações entre a cognição humana e a atividade cerebral.
Toda a atividade psíquica se orienta, segundo esse enfoque, para a solução de problemas e este processo é compreendido integralmente mediante representações cognitivas com padrões próximos à realidade, de tal forma que os mesmos possam responder, como ação, para a transformação do entorno.
De acordo com esse enfoque, “as dificuldades de aprendizagem se referem a alterações no processamento da informação, por alterações cognitivas que causam déficits nos processos de seleção e elaboração” e podem se  manifestar, dentre outras formas, por imaturidade do sistema nervoso ou inadequada estimulação. (BOSSA, 2000)
Para Smith (2008) et al, “o aluno, a pesar de ter um bom nível intelectual, uma instrução convencional e oportunidades socioculturais, apresenta problemas nas habilidades necessárias para o rendimento escolar”.
c) Enfoque ecológico: sugere que as dificuldades de aprendizagem não podem ser consideradas, em sua totalidade, como uma questão do próprio aluno, mas que é possível conceber, de uma forma ampla, os fatores culturais e comunitários, familiares, escolares, etc., em uma visão ecológica da aprendizagem e, consequentemente, de suas dificuldades.
Tal enfoque considera que é possível conceber a família como um sistema de organização, de comunicação e de estabilidade, o qual pode influenciar na aprendizagem do aluno, assim como também influem sobre ela os fatores sociais, como a raça e o gênero, no âmbito escolar.
Na educação, segundo o enfoque ecológico, não se podem omitir os fatores sociais, econômicos e culturais. O enfoque de atenção ao aluno em sua aprendizagem deve ser multidisciplinar, baseado no diálogo cooperativo para a solução de problemas, dentro de um marco ecológico.
O diálogo aponta uma definição mais ampla dos processos de aprendizagem humana, orientando, desta forma, para que um tratamento das dificuldades de aprendizagem.
Desse modo, é necessário primeiramente esclarecer em que consiste a aprendizagem e considerar que esta se produz de forma ativa, dentro de um ecossistema único, mas rico em interações, no qual se constrói aos poucos uma vida com significados.
Desta forma, não se deve separar o cognitivo do afetivo, as habilidades do contexto significativo e do conteúdo e as condutas do contexto social.
d) Enfoque socio-histórico-cultural: quando se evidenciam as limitações no enfoque do processamento da informação, passa-se a considerar que as pessoas não podem ser consideradas como seres isolados social, cultural ou historicamente, mas que suas possibilidades dependem precisamente desses fatores.
Nesse sentido, os conceitos principais deste enfoque, baseado na teoria de Vygotsky, são definidos por Oliveira (1993):
a) um primeiro conceito desenvolvido pelo teórico é definido como a distância que existe entre as capacidades, os conhecimentos e as realizações da criança quando resolve um problema ou realiza uma tarefa por si mesmo e sem ajuda, o que se denomina zona de desenvolvimento atual e do que é capaz de realizar com a assessoria, orientação, ajuda ou apoio do adulto;
b) um segundo conceito implica na zona ou âmbito referente ao que a criança pode aprender em um futuro imediato, ou seja, se trata do que será capaz de avançar posteriormente, a partir do que poderá aprender imediatamente.
Esse conceito é muito mais flexível do que o anterior, já que define a zona de desenvolvimento próximo não como algo estático, mas sim dinâmico, móvel e que também seria definido pelo que a criança ou o aluno adquire em um momento subsequente.
c) como a zona de desenvolvimento próximo ou potencial não é algo estático, não é algo que a criança “possui”, esta se cria e se amplia ou se limita em função de processos interativos, que se estabelecem entre pais e filhos, entre uma criança e outras com diversos níveis de capacidade, entre o aluno e o professor.
A zona de desenvolvimento próximo se cria em um entorno social que possibilita a realização de atividades de ensino-aprendizagem. Acerca dessa colocação, Bruner (1999), afirma também que o desenvolvimento da criança depende das bases que lhe proporcionam as assessorias, as ajudas e as orientações de seu entorno social.
Para Smith et al, o conceito de desenvolvimento próximo criado nos processos interativos tem uma importância fundamental nas situações educativas, uma vez que as aprendizagens são adquiridas, primeiramente, no âmbito social, e somente após se internalizam ou se tornam individuais.
A estas teorias, Knapp (2002) também acrescentam uma perspectiva conduta, que propõe a transição das explicações neurológicas para os transtornos de aprendizagem para explicações psicológicas, configurando-se como o fundamento teórico dominante no estudo das dificuldades de aprendizagem.
De acordo com os autores, a principal preocupação dessa perspectiva é centrada em estudar os efeitos do meio exterior sobre a conduta, compondo-se diversas respostas que podem ser observadas e relacionadas com outros eventos apreciáveis.
No campo das dificuldades de aprendizagem, seu impacto pode ser observado na mudança de ótica produzida entre os pesquisadores, evoluindo para a proposição de intervenções para o tratamento. A orientação dos processos interventivos e a explicação do processo de aprendizagem se fundamenta na premissa básica de que a aprendizagem é uma sequência de processos associativos entre estímulos e respostas produzidas, através da repetição ou prática, o que indica que as dificuldades de aprendizagem não são consideradas em termos de déficit, mas como uma insuficiência na prática e nas experiências em relação com as tarefas de aprendizagem.
Qualquer intervenção junto a um aluno com dificuldades implica, necessariamente, na consideração de alguns pressupostos. A evolução na conceituação das dificuldades de aprendizagem e das diferentes práticas educativas tem sido reflexo das teorias que se configuraram, sucessivamente, como referências no campo do conhecimento psicopedagógico, especialmente aquelas teorias citadas no item anterior.
Em relação à avaliação psicopedagógica, Dalmau et al apud Monero, propõem que se deve considerar que esta sofreu um processo de profundas modificações durante os últimos anos e atualmente pode ser entendida como procedimento que visa dar suporte às decisões tomadas a respeito da situação de aprendizagem dos alunos e possíveis dificuldades. É um processo contínuo, cuja função é saber o que o aluno aprendeu, como aprendeu, de que apoio necessitou, que dificuldades encontrou, etc., baseando-se nele as decisões tomadas no processo ensino-aprendizagem.
Esta avaliação complementa a avaliação escolar, ajudando a escola a tomar decisões pedagógicas e promovendo a adequação da ação educativa às necessidades do aluno, para introduzir progressivamente as mudanças necessárias.
Ponderam as autoras que existem seis fases a ser seguidas para uma completa avaliação psicopedagógica :
a) aproveitamento da informação que a escola já possui sobre o aluno: é o início do processo de avaliação psicopedagógica, utilizando-se de informações colhidas no primeiro contato com a família, que foram passadas à ficha pessoal do aluno. Estas informações são ampliadas com a realização de entrevistas com os pais e a comparação dos primeiros dados com novas informações que possam ser acrescentadas pela família ou pelo professor, no decorrer da escolarização.
Pode-se classificar essas informações da seguinte forma, de acordo com cada etapa:
- Na Educação Infantil: os hábitos, atitudes (em relação aos familiares mais próximos, às outras crianças, aos adultos, animais, objetos, etc.), normas (dependência e independência nas relações, atitudes diante da frustração, aceitação e resolução de conflitos, etc.) e pautas educativas familiares, capacidades relativas à comunicação, expressão e compreensão da linguagem, desenvolvimento motor, memória, atenção, dentre outros.
- No Ensino Fundamental: autonomia e organização pessoal e hábitos de higiene, capacidades de linguagem e habilidades motoras, tarefas escolares, atividades extra-escola; atitude pessoal em relação à família, amigos, outros adultos, dependência ou independência nas relações (aceitação de normas, resolução de conflitos pessoais e coletivos, etc.).
- No Ensino Médio: autonomia e organização pessoal e hábitos de higiene, capacidades de linguagem e habilidades motoras, tarefas escolares, atividades extra-escola; atitude pessoal em relação à família, amigos, outros adultos, dependência ou independência nas relações (aceitação de normas, resolução de conflitos pessoais e coletivos, etc.), acrescidas de informações espontâneas sobre a família e a vida escolar, amigos, interesses, problemas, atitudes em casa, pedido de ajuda, aceitação e cumprimento de normas familiares, autonomia, reação de pais e familiares em caso de conflitos, responsabilidades pessoais relativas ao trabalho escolar, solicitação de ajuda para entendimento ou controle, acompanhamento da agenda, acompanhamento e entrevistas por professores, reações familiares ao desempenho escolar, tempo dedicado à leitura de livros não escolares, familiares que se encontram em casa ao término da jornada escolar.
b) avaliação da situação inicial: após a solicitação de intervenção feita pelo professor, inicia-se essa etapa, que é orientada basicamente pelas informações já obtidas sobre a situação inicial do aluno e os motivos da solicitação da avaliação psicopedagógica.
Servindo-se de um documento-guia, o psicopedagogo atualiza as informações, revisa os trabalhos escolares, analisa os materiais curriculares utilizados e a dinâmica da aula, bem como a eficácia das ações já tomadas. O que o aluno é capaz de fazer em relação às áreas instrumentais será registrado por escrito e comparado com a ideia inicial do orientador.
c) análise da evolução da situação inicial: objetivando facilitar a intervenção e a ajuda pedagógica ao aluno para gerar mudanças, esta fase se cumpre em três etapas:
1) observação em sala de aula, onde se buscará a informação de como se desenvolve a dinâmica da aula em seu conjunto, qual é a prática educativa do professor, descrevendo o que ocorre na sala de aula.
É avaliada a ligação e sequência entre as atividades, orais ou escritas, as normas para a apresentação, o material e o tempo utilizados; a ordem para início da atividade e explicações do professor, o acompanhamento, a coerência e a forma pela qual se assegura a compreensão; o desenvolvimento da atividade, sua diferenciação dentro desses aspectos e o tipo de atividade; a atitude do grupo, relativamente ao interesse, acompanhamento, grau de envolvimento, bem como dispersão, recondução da atividade e eficácia das intervenções do professor; o número de alunos que a acompanham as atividades, dificuldades, tempo médio de execução, apreciação da elaboração das tarefas, intervenções disciplinares, de esclarecimento, organização, correções gerais, ajudas solicitadas, propostas de reflexão e outras alheias; e, ao final da atividade, a intervenção do professor, a forma de correção e de registro do trabalho, proposta de trabalho de consolidação do conteúdo e avanço para a próxima sessão.
2) análise do trabalho dos alunos, para conhecer mais alguns detalhes da dinâmica da sala de aula, voltando a observação aos alunos, sobre o tipo de material utilizado, as normas de trabalho (obediência às normas estabelecidas), o nível de elaboração do trabalho e a qualidade da escrita, a frequência de determinados tipos de atividade, os erros mais habituais, a avaliação do professor (correções, anotações, comentários escritos). Numa análise comparativa entre os alunos e o professor, é acompanhada a evolução da aprendizagem ao longo do curso, para introduzir mudanças que sejam necessárias.
3) provas psicopedagógicas, que informarão sobre a capacidade do aluno nas diferentes áreas do currículo e em relação a suas diferentes capacidades. Tornam mais fácil obter informações e observar o estilo de aprendizagem e as dificuldades em progredir na escolaridade de cada aluno, em particular. Extrapolando o universo da escola, as provas psicopedagógicas observam o relacionamento familiar e social, os interesses e motivações e as maiores dificuldades que o aluno manifestar em relação a ambos.
d) devolução da informação: o que foi apurado é, nesta etapa, repassado aos professores. O procedimento sempre inicia por uma avaliação positiva do aluno, salientando suas capacidades, para que seja possível projetar e planejar ações educativas que sejam necessárias, deixando clara a situação do aluno no contexto escolar. Apresenta-se um resumo escrito da avaliação, orientando o trabalho que deve ser feito, deixando claro qual é a função de cada um dos envolvidos nesse trabalho e programando as reuniões de acompanhamento que se seguirão.
e) informação aos pais ou responsáveis legais: as conclusões da avaliação psicopedagógica, definidas as ações que serão tomadas pelo professor com relação aos alunos são comunicadas à família entrevistas que devem ser prioritariamente realizadas pelo professor, devendo-se evitar a participação de muitas pessoas. A participação do psicopedagogo se dará em casos especiais. Deve-se buscar esclarecer os aspectos relativos à situação familiar, para que a família possa ajudar e acompanhar as ações, complementando-as.
f) acompanhamento: esta etapa caracteriza-se pela revisão do processo educativo, apresentando-se sugestões sobre as adaptações que devem ser feitas no currículo e nas práticas de ensino, sobre decisões a serem tomadas no final do período para que o processo continue. O acompanhamento deve ser contínuo e envolver toda a comunidade escolar e familiar.
Quanto ao parecer prévio relativo aos alunos com necessidades educativas especiais, a avaliação pedagógica considera que essas necessidades, derivadas de distúrbios graves e permanentes, necessitam do parecer de um psicopedagogo para que se possa decidir sobre sua escolarização.
O parecer informa quais são as suas necessidades e quais as necessidades da escola, para que possam ter acesso à educação e deve considerar:
a) dados pessoais e familiares;
b) nível de competências curriculares em relação ao currículo e para cada área de estudo;
c) descrição de outros fatores e condições significativas para elaboração de propostas curriculares;
d) considerações que orientem a adaptação do currículo, priorizando capacitações, estabelecendo aprendizagens por área, estimando o grau de modificação do currículo;
e) proposta fundamentada sobre a escolarização do aluno;
f) opção expressa pelos pais ou representantes legais.
Partindo da avaliação psicopedagógica e das informações fornecidas pelos orientadores e pela família, o parecer pode incluir informações externas, de serviços especializados para alunos especiais.
Desse modo, observa-se que a avaliação psicopedagógica favorece a realização de ajustes necessários para que se aprenda a “aprender e ensinar melhor”, respeitando as diferenças individuais e promovendo aprendizagens mais significativas. Para isso, deve haver a colaboração e o envolvimento dos professores e de toda a estrutura da escola.
Ainda, conforme pondera Moraes (1999), a avaliação psicopedagógica deve partir do que a escola – cada escola concreta – exige do aluno com dificuldades de aprendizagem. Nesse sentido, a avaliação é considerada como um elemento essencial do planejamento curricular, posto que seus conteúdos são as dificuldades que se apresentam no processo concreto de ensino-aprendizagem.
Segundo Moraes (1999), a avaliação psicopedagógica das dificuldades de aprendizagem deve cumprir três objetivos fundamentais: descrever, explicar e prescrever – descrever do modo mais coerente e compreensível o que ocorre no processo de ensino-aprendizagem no qual surgem as dificuldades, para poder explicar como o aluno aprende e, em consequência, para propor um diagnóstico prescritivo que permita a elaboração de um plano de intervenção.
A descrição pormenorizada das variáveis e elementos que intervêm no processo de ensino e aprendizagem somente se torna possível se as informações colhidas se mostram pertinentes. A descrição, portanto, é condição necessária, mas não suficiente para um bom processo de avaliação.
Disso se depreende que a Psicopedagogia contribui de forma mais efetiva quando formula e verifica hipóteses, relacionando e ordenando as informações de forma coerente e as explica para que a dificuldade de aprendizagem se torne compreensível e se esclareçam suas causas e consequências.
Para Moraes (1999), “explicar, na avaliação psicopedagógica, supõe, principalmente, ancorar a prescrição em informações factíveis, em um diagnóstico prescritivo que permita propor intervenções adequadas a uma solução”.
Ao final do processo, adverte Bossa que a avaliação psicopedagógica deverá proporcionar:
a) uma relação, cientificamente válida, das informações que permitam obter uma visão global, integradora, do que ocorre e de como interatuam as diversas variáveis, processos, estratégias e condutas.
b) uma explicação coerente e compreensível do que ocorre com o aluno, o professor e a família, da origem da dificuldade, de sua evolução, da situação na qual se encontra e como se relacionam e explicam suas características, além do prognóstico nos diferentes ambitos (pessoa, escolar, familiar e social).
Se as diferentes pessoas envolvidas não compreendem o problema, dificilmente se comprometerão de forma adequada em sua solução.
c) a efetivação, em colaboração com outros profissionais, de prescrições, ou seja, de um plano de intervenção psicoeducativa que possa propor soluções para a dificuldade de aprendizagem apresentada pelo aluno.

Conclusão
O estudo realizado levou à conclusão de que todo referencial consultado aponta para o fato de que as dificuldades na aprendizagem surgem da interação de múltiplos fatores, levando à consideração de que essas dificuldades dependem tanto das características e condições próprias de cada aluno como também das características do contexto educativo no qual se manifestam.
Esse novo enfoque implica também na conclusão de que as respostas tradicionais oferecidas aos alunos com dificuldades de aprendizagem desviam o foco de atenção do problema do aluno individualmente considerado para o contexto educativo, enfatizando que as decisões curriculares tomadas pelos docentes, as atividades de aprendizagem propostas, os métodos utilizados, as relações que se estabelecem entre professores e alunos influenciam na aprendizagem. Em consequência, consideram que a escola tem um papel determinante nos resultados da aprendizagem, posto que, dependendo da qualidade da resposta educativa que proporcione aos alunos, pode contribuir para superar, minimizar ou compensar as dificuldades de aprendizagem ou, contrariamente, agravá-las e mesmo criá-las, como produtos de um ensino inadequado.
A exploração das potencialidades de novos enfoques, que visam superar as limitações do enfoque tradicional para abordar as dificuldades dos alunos e evidenciar a interpretação dessas dificuldades a partir da forma pela qual se organizam os conteúdos e atividades e as condições criadas para estimular a participação e apoiar a aprendizagem amplia para todo o contexto educativo a responsabilidade pela introdução de mudanças necessárias, centrando a análise e os esforços no melhoramento dos processos de ensino e aprendizagem.
A contribuição da Psicopedagogia para esses novos enfoques evidencia o caráter interativo, que determina que as mudanças são relativas e mudam de acordo com o contexto em que se expressam e com os critérios com que são interpretadas e definidas.
Contribui, sobretudo, na compreensão de que as dificuldades que podem apresentar determinados alunos não são exatamente as mesmas em contextos diversos, mas adquirem uma dimensão e matizes distintos, em razão das respostas e das características de cada escola, de cada professor e de cada aluno.
Ainda, revela que as atitudes, expectativas, compreensão de todos os envolvidos – aluno, professor, família e sociedade – para com o processo de ensino e aprendizagem constituem um fator chave a ser considerado no desenvolvimento de uma avaliação e de um diagnóstico psicopedagógico que ofereça condições para a elaboração de intervenções eficientes.





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